sábado, 10 de janeiro de 2009

Comunicação como ferramenta de gestão

Sabe-se que grande parte dos problemas enfrentados por muitas organizações educacionais tem suas causas primeiras em formas deficientes de comunicação entre líderes e liderados e, também, dos colaboradores entre si. Esse fato gera conseqüências negativas para o clima organizacional e, inegavelmente, ocasiona reflexos sobre o desempenho das pessoas que são responsáveis por gerar resultados.
Considerando-se a comunicação como uma importante ferramenta de gestão, é conveniente que se reflita sobre as inúmeras variáveis que interferem nesse processo interativo e que afetam forte e decisivamente as pessoas e as instituições como um todo.
Nesta reflexão, o foco recairá sobre algumas dessas variáveis interferentes:
a) Simplicidade no discurso -O bom comunicador precisa usar de simplicidade na forma de veicular sua mensagem. É uma estratégia que tem a ver com uma linguagem clara, adequada ao contexto social em que é veiculada; manifesta-se no trato simples, franco, dialogal, que permite alcançar, não só a inteligência, mas o coração e a vontade, ou seja, um discurso que motive e impulsione as pessoas à ação. Geralmente, quem tenta impressionar fazendo uso de vocabulário muito técnico, complexo, corre o risco de não ser compreendido e se as pessoas não souberem o que o comunicador deseja, o que espera delas, não haverá mobilização, envolvimento, adesão, comprometimento com a causa que se propõe. Portanto, deve haver clareza na fala, linguagem direta e associada à realidade do grupo para o qual se faz a comunicação.
b) Entusiasmo - Não se deve subestimar os efeitos da postura de um comunicador ao emitir uma mensagem. Um bom comunicador fala com o corpo, através dos gestos, da expressão fisionômica, do tom de voz, sobretudo, através do olhar. Uma pessoa que comunica uma notícia alegre, mas apresenta um semblante sério e um linguajar cheio de formalidades, não atinge o coração das pessoas. O fato de não se perceber coerência entre a mensagem veiculada e a expressão fisionômica, a postura corporal de quem a veicula, afeta o estado de espírito de quem recebe a informação.
Do mesmo modo, quando se vai comunicar uma situação de crise, o momento requer uma postura de seriedade, mas também de serenidade. Jamais se devem usar palavras ou evidenciar expressões fisionômicas que denotem sentimento derrotista, de medo ou desesperança. O estado de espírito de quem comunica contagia as demais pessoas.
c) Conviccção - O bom comunicador deve, também, mostrar-se convicto, acreditar, de fato, no que diz. As pessoas têm grande sensibilidade e forte intuição para perceber incoerências. Quem não conhece pessoas simples que se tornaram extraordinários comunicadores pelo simples fato de serem fortalecidos pela convicção que evidenciam no conteúdo dos seus discursos?
d) Postura na comunicação oral e escrita: questões a considerar - É muito importante que, durante uma comunicação verbal, a pessoa que emite a mensagem esteja atenta ao seu interlocutor, dirija-lhe o olhar. A comunicação visual faz com que as pessoas se sintam valorizadas e ajuda na percepção de reações que o conteúdo do discurso possa provocar nos ouvintes.
Se a comunicação for escrita, é preciso submetê-la a alguns testes, como dar o texto para duas pessoas lerem, sem nada explicar antes. A mensagem que é clara dispensa comentários. Se alguém levantar um ponto de dúvida, é possível deduzir que outros receptores possam, também, não compreender. Há que se reestruturar o texto. Comunicação é processo. Por isso, exige tempo, planejamento e avaliação para se mostrar o mais eficaz possível.
e) Orientação precisa, monitoramento e apoio aos colaboradores - Muitos dos conflitos que emergem nas organizações têm sua origem na forma deficiente de comunicação entre líder e liderados. São os denominados problemas resultantes da má comunicação. Às vezes, um funcionário realiza um trabalho de forma diferente daquela que é esperada, porque o gestor não foi claro na sua orientação. Omitiu detalhes que, para ele, conhecedor da idéia, era de importância secundária; no entanto, o receptor da mensagem, que ignora o que o gestor tem em mente, capta apenas parte da idéia, interpreta-a sob seu ponto de vista e executa conforme seu entendimento.
É necessário comunicar, com clareza, o que se espera dos colaboradores e ter certeza de que houve entendimento. Se o líder não souber orientar, avaliar, desafiar para atitudes de superação e oferecer suporte no processo de autodesenvolvimento de seus colaboradores, ficará comprometida a sua credibilidade. Essa intervenção exige sabedoria e habilidade para estimular o crescimento individual e coletivo, num ambiente colaborativo e não competitivo entre as pessoas.
f) Postura ética, transparência - É indispensável que se tenha extremo cuidado no sentido de se fazer circular informações corretas e plenas, sem meias palavras, sem resguardos, sem omissões. É preciso lembrar-se disto: o que não dizemos, os outros dizem, e nem sempre se preocupam com o modo como o dizem. É preferível que ouçam a verdade da fonte direta. As fontes indiretas são carregadas de subjetividades e intencionalidades.
A comunicação, indiscutivelmente, é uma forma de poder. Por meio dela é que se influenciam pessoas, mediam-se situações difíceis, resolvem-se problemas; é ela que nos permite expor nossas idéias e defendê-las, participar ativamente de deliberações, enfim, a comunicação nos permite conquistar espaços de ação e interação no meio social, familiar e do trabalho.
É, portanto, uma importante e decisiva estratégia de gestão que, se bem gerenciada, contribui para que a dinâmica das relações interpessoais sejam bem-sucedidas e o clima organizacional seja favorável ao desenvolvimento das pessoas e da organização como um todo. É um elemento que precisa constar como prioridade na agenda dos gestores, pois é preciso cuidar, com muito zelo, daquilo que se pode considerar a alma da organização: os processos de comunicação.
Disponível em:
http://www.idbrasil.org.br/drupal/?q=node/23381

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