sábado, 28 de abril de 2012

O Processo de Mudança Exige Atitude e Olhar Diferenciados





* Por Marisa Crivelaro da silva


Mudar, inventar, reinventar... esses três verbos têm o poder de estruturar, inevitavelmente, todo o processo de formação do ser humano que inclui as etapas de nascer, crescer, amadurecer e desenvolver-se.

Em cada uma dessas etapas acontecem mudanças impressionantes, muitas delas, involuntárias, como, por exemplo, as mudanças do corpo físico. Já as que correspondem ao comportamento, às atitudes e à busca comprometida pela construção de conhecimentos relevantes para a própria formação, vai depender do tipo de educação que o ser humano recebe, das relações e interações que estabelece com o seu meio físico e social. A qualidade dessas relações e interações vai fazer muita diferença, agregando, ou não, na construção de uma escala de valores e de atitudes, que interferirá, decisivamente, na formação do caráter, da personalidade de cada pessoa.

Entretanto, é na quarta etapa que se estruturam os diferenciais efetivos de cada ser humano. Há muitas pessoas que nascem, crescem e amadurecem, naturalmente. Sem muitos esforços, bastando satisfazer suas necessidades básicas. E param por aí.

Agora, desenvolver-se vai exigir esforço adicional e renúncias consideráveis que nem todos estão dispostos a fazer. Exige passos além. Desenvolver-se é uma questão de opção, de escolha estratégica. Depende de se ter construído uma boa auto-estima e um alto nível de auto-motivação. Saber o que se quer da vida e colocar-se a caminho, cultivando a certeza de que na vida, no trabalho e nas relações de convivência há que se viver um processo de permanente mudança, reinvenção, sob pena de se cair numa rotina medíocre, que vicia e leva ao desencanto, à perda de energia, de entusiasmo e isso afeta, de modo frontal, a saúde das pessoas e o clima organizacional das instituições, que também tem implicações direta sobre a saúde dos trabalhadores.

Um artigo do memorável escritor Moacir Scliar, publicado no jornal Zero Hora, no dia 26/10/2010, alerta para uma necessidade premente a todo ser humano: “reinventar-se como profissional, como cônjuge, como pai ou mãe ou filho ou filha, reinventar-se como amigo, reinventar-se como cidadão ou cidadã, reinventar-se como pessoa”. E que significado tem o verbo reinventar-se no contexto da educação? Tem a ver com a atitude de se lançar um olhar diferenciado para o passado e para o futuro, simultaneamente, estabelecendo paralelos, observando as vertiginosas mudanças e compreendendo que aquilo que se fez e deu certo numa determinada época, gerou resultados animadores, no contexto da atualidade não serve mais, não convence mais, porque os tempos são outros, as gerações que estão protagonizando as mudanças aceleradas que se constatam, diariamente, construíram uma nova cultura, com novos hábitos, formas de pensar e de agir diferenciadas e estão a requerer novas formas de intervenção e de interação.

É preciso, então, reinventar processos, métodos, formas diferenciadas de mediação nos processos de ensino e de gestão das instituições que trabalham com a educação.Precisamos experimentar o processo de renovação propagado pela parábola da águia, que todos bem conhecem. E quem não tiver espírito aberto e disposição para construir novas aprendizagens, um novo jeito de fazer educação, sairá perdendo, seguramente; ficará em desvantagem nessa caminhada veloz, que não espera por ninguém, não dá tempo de lambuja para ninguém que se justifica sempre,dizendo que precisa de um tempo maior para se adaptar. Como diz a canção, “Vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Quem escolher acomodar-se e ficar para trás, deixará de conhecer o prazer de vencer desafios, de superar seus próprios limites para acompanhar e viver em plenitude nesse tempo novo; perderá a chance de conhecer o prazer de viver, trabalhar e aprender um novo jeito de ser Professor, de ser Gestor e correrá o risco de se tornar um profissional sem condições de manter reciprocidade com as crianças e jovens deste novo tempo, que aí está, exigindo um novo jeito de comunicação, de relacionamento e de mediação das aprendizagens que precisam construir. É a geração Y e Z.

Fica o convite: vamos nos desafiar a viver o processo de reinvenção cotidianamente e conhecer o delicioso sabor da superação, de nos reconhecer competentes por sermos capazes de viver novas experiências e fazer aflorar nosso potencial criativo e inovador. Isso é evoluir, crescer, amadurecer, desenvolver-se, transformar-se... Isso é viver em plenitude! Cabe relembrar o que afirmou Alvin Tofler, célebre escritor e futurista norte-americano: “O analfabeto do século XXI será aquele que não souber aprender, desaprender e reaprender”.



* Graduada em Letras, pós graduada em Psicopedagogia e em Docência do Ensino Superior, MBA em Gestão Educacional, MBA em Comportamento Organizacional, Mestre em Educação