quarta-feira, 12 de maio de 2010

O valor do Tempo Presente


Assistindo a uma palestra do antropólogo Marins Filho, ouvi-o relatar dados de uma pesquisa que aponta uma importante descoberta de alguns especialistas. Os resultados dessa pesquisa dizem que nós passamos cerca de 75% do nosso tempo vivendo no passado, lembrando de cenas marcantes, mas nem sempre as melhores recordações, normalmente, ficamos reprisando, na mente, aquelas imagens de fatos  que nos fizeram sofrer pela culpa de não termos agido de um modo diferente;  20%  do nosso tempo passamos imaginando o futuro, muitas vezes, cheios de preocupações e angústias, incertezas e ansiedades pelo que há de vir, ao invés de desenhar imagens de conquista, de sonhos, traçar metas e objetivos;  e apenas 5% vivemos no tempo no presente. E vejam, é justamente no tempo presente que construímos o que seremos no futuro.
A Neurociência e a Física Quântica trazem contribuições significativas, com estratégias concretas de como devemos  preparar nossas mentes, monitorar nossas emoções para que não gastemos, em vão, o tempo da nossa vida, como refere o poema de Mário Quintana. O último segundo que passou no relógio já é passado e não há nada, absolutamente, que se possa fazer  para voltar atrás nesse tempo que passou e refazer, ou desfazer o que se fez, como se fez, tanto  na vida pessoal, social  ou no trabalho que exercemos.
Precisamos educar nossa mente e nossas emoções para aproveitarmos bem o tempo presente. É preciso, dedicar tempo, sim, para projetar o futuro.  A mentalização do sonho é que faz a energia do universo fluir em nosso favor e nos motivar para ir à luta. Mas necessitamos construir solidamente o nosso presente. É neste tempo que precisamos fazer o que será o amanhã. Daqui há uns 5 ou 10 anos, nossa vida será  extamenten o resultado do que fazemos ou deixamos de fazer no tempo presente. Semear agora para colher depois. Cuidemos, pois, do que estamos semendo em nossos corações e mentes.
Como Educadores, inspiramos nossos alunos pelo modo como vivemos, pelas crenças que alimentamos e expressamos,  pelos conhecimentos que construímos e partilhamos com eles... conhecimentos científicos e conhecimentos de vida.
A autoridade, o respeito e a admiração que muitos Educadores conquistam junto aos alunos, ao longo de sua vida profissional, tem a ver com sua postura de vida. Esses educadores não têm problemas de disciplina. Conquistam-na porque mostram que se preparam para dar suas aulas, que se importam em trazer conhecimentos contextualizados com a vida cotidiana, usam de recursos didáticos que fazem suas aulas interessantes e atrativas para os alunos, tratam os mesmos  com respeito e autoridade que provém do conhecimento, da dedicação e atenção que demonstram em dar boas aulas, em se preocupar com o quanto seus alunos estão aprendendo com seu método de ensino. Usam o tempo presente para construir a imagem sólida que terão depois que esses alunos passam por eles e que  muito falarão a outros sobre o valor que dão a esses educadores.
É é justamente por isso, que há Educadores desejados, buscados como talentos no mercado. Quem são eles? Exatamente esses que usam do tempo presente para se construírem melhor, para aprenderem mais, mudarem seus métodos e aperfeiçoarem a forma de se relacionar e buscar motivar seus alunos.
Uma imagem de bom profissional não se constrói da noite para o dia. É um processo. É resultado de como agimmos cotidianamente. O que fazemos hoje, refletirá no que nos tornaremos no tempo futuro. Construímos nossa identidade dessa forma.
Não vamos deixar nos surpreender por ver o quanto o tempo passou depressa e desperdiçamos a vida, deixando de aprender, de nos melhorar enquanto pessoas e profissionais. O Psicoterapeuta José Gaiarça, faz-nos um alerta sobre a necessidade de sermos pessoas que buscam se envolver nos projetos e processos da vida. Ele faz-nos uma advertência: " Quem não se envolve, não se desenvolve".
Vamos aproveitar o tempo PRESENTE para nos envolver em tudo que nos ajude a SER mais, a SER pessoas melhores, a fazer parte da corrente do Bem, daqueles que se importam só em construir no tempo presente, para que o nosso tempo não acabe sem termos cumprido com nossa missão e acabemos chegando ao final de tudo, com aquela sensação de que não fizemos ou vivemos tudo que queríamos, podíamos e sabíamos.
Que a vida não nos reprove no final do processo. Isso vai depender do que escolhemos fazer no tempo presente... e lembremos que nesse processo, não há recuperação. A única coisa que não se recupera na vida, é tempo perdido. 



domingo, 28 de fevereiro de 2010

TEMPO DE TRANSCENDÊNCIA

O significado literal da palavra Transcendência é ultrapassar, superar, ou simplesmente passar de um plano objetivo para um plano subjetivo, através da mente. Na visão de Leonardo Boff o conceito de transcendência diz respeito à capacidade de superar os limites da normalidade; transcender a forma física através do poder do pensamento, da meditação. No plano espiritual, um momento de oração, com fé verdadeira, é uma forma de transcendência.
A teoria da logoterapia, de Vitor Frank, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência, também nos traz esse conceito a partir de suas vivências em campos de concentração. Cada experiência pessoal sua está transcrita de tal forma eloquente, que nos inspira a buscar conhecer mais sobre a Logoterapia, cuja grande contribuição  para as ciências do homem é o ensino de técnicas, estratégias de conduta, atitudes que nos tornam capazes de manter acesa a chama da força interior que todos nós temos e vencer a dor, as privações, as humilhações, saindo vencedores, como ele próprio, que mesmo aprisionado, em situação desumanizadora, conseguiu transcender essa situação degradante, demonstrando a capacidade de manter a liberdade do espírito.
Boff alerta para as pseudo-transcendências que andam ocupando demais o nosso tempo, fazendo com que nos voltemos somente para as coisas externas; quase não arranjamos tempo para interiorização, para meditação,para a busca de relação com Deus, nossa fonte de vida, de força, de energia. Essas situações de pseudotranscendências não nos deixam prestar atenção na vida que está passando, tampouco nas nossas necessidades interiores. Algumas delas: futebol, carnaval, festas de todo tipo, moda, relacionamentos virtuais, vícios, tudo aquilo que parece nos ajudar, momentaneamente, a sair dos momentos de tristeza, depressão, dor, mas é uma sensação efêmera, logo que acaba aquele estímulo, a pessoa volta para sua dura realidade e o sofrimento é ainda maior.
A verdadeira trascendência consiste em voltar-se para dentro de si mesmo e encontrar a nossa fonte inesgotável de energia divina. Ela está lá, ao alcance de todos. A diferença consiste no fato de que alguns descem até ela e se alimentam, matam sua sede e voltam fortalecidos. Há aqueles que descem só até a metade. Sentem-se um pouquinho mais fortes e já voltam a se exteriorizar, a esquecer de se abastacer mais profundamente; logo aparecerão as recaídas. E há aqueles que vivem na superficialidade, voltados só para o que acontece fora de si. Esses são os mais vulneráveis; quando forem confrontados com situações de dor, sofrimento, fracasso, perdas, não terão energias para suportar porque não se abasteceram suficientemente.
O antropólogo Marins Filho alerta para um fato, no mínimo preocupante. Ele afirma que as pessoas vivem 70% do seu tempo no passado, relembrando fatos dolorosos e se culpando pelas atitudes que tiveram, ou deixaram de ter para mudar o rumo das coisas de sua vida. 25% do seu tempo vivem no futuro, com sentimentos de ansiedade pelo que há de vir, como será sua vida e a vida de seus filhos. Apenas 5% do tempo as pessoas vivem no presente. É é justamente nesse tempo que se vive. O que acontecerá no futuro, depende do que se faz aqui e agora.
Existe uma música chamada " Certas Coisas", de Jorge Trevisol, onde ele canta sua espiritualidade e há uma estrofe que nos provoca,imediatamente, à reflexão. Diz assim:
"O que eu penso a respeito da vida
É que um dia ela vai perguntar
O que é que eu fiz com meus sonhos?
E qual foi o meu jeito de amar?
O que eu é que eu deixei pras pessoas
Que no mundo vão continuar?
Pra que eu não tenha vivido à toa
E que não seja tarde demais".
Estamos realmente buscando dar um sentido para nossa passagem neste mundo ou estamos só correndo atrás de coisas materiais, títulos,diplomas, coisas que não poderemos levar conosco quando partirmos daqui, naquele momento crucial, em que nos despedimos de tudo e de todos? Não que isso não seja importante. É. Muito. Mas não só isso. Como diz a letra da música, pra que não seja tarde demais e quando chegar a hora de cada um, que não sabemos quando será, nem dia nem hora, não tenhamos descoberto que vivemos em vão, é bom que nos voltemos mais para as " coisas de dentro". Aliás, a morte sempre chega sem avisar e muitas pessoas são interrompidas no meio dos seus projetos. Por isso existe aquele pensamento que diz que devemos viver cada dia da nossa vida como se fosse o último. Assim não faremos coisas das quais iremos nos arrepender... Isso é viver a espiritualidade, a transcendência verdadeira.