Educar é um
compromisso ético e político
* Profª Marisa Crivelaro da
Silva
Por que educar é um
compromisso ético? Vejamos: ética, no
dicionário, tem este sentido: “ Parte da filosofia que estuda os deveres do
homem para com Deus e a sociedade.” Portanto, na medida em que, como
educadores, somos negligentes no processo de formação, de educação de nossas
crianças e jovens, estamos falhando no compromisso ético, pois é nosso dever
contribuir para desenvolver a inteligência
e a humanidade desses seres humanos, em
todo seu potencial
Educar é ter-se em
consideração o sujeito como um todo: desenvolver a inteligência, educar as
emoções, formar atitudes, ajudar a construir uma escala de valores que possam
ser norteadores na vida; é criar condições e
realizar experiências relevantes que possibilitem avanços progressivos
das estruturas mentais, dos níveis de complexidade do pensamento e das atitudes
dos alunos frente à vida.
Não se pode mais conceber uma educação com
base na transmissão de conteúdos conceituais apenas, que privilegie a memória
como único recurso de aprendizagem. Ela é importante, mas não o único meio. Os
educadores devem ter seu trabalho centrado numa metodologia interativa,
provocadora, mediadora, que motive o aluno a ser autor, produzir conhecimento,
que desafie para o desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas e
afetivas, na mesma medida. De nada valerá um conhecimento construído, se não
for útil, de alguma forma, para o aluno, se ele não souber aplicá-lo nas
situações práticas do seu cotidiano e se não contribuir para ajudá-lo a
desenvolver sua humanidade. Tem-se dado destaque aos conteúdos conceituais que
têm grande valor sim, mas se não ensinarmos os conteúdos procedimentais que são
as formas de transformar a teoria em prática, os conteúdos não terão sentido
, nem utilidade e serão logo esquecidos
porque não se encontrou sentido neles. E é da natureza do cérebro expulsar tudo
aquilo que não nos serve, as coisas que não têm significado para nós são
facilmente esquecidas..
Há que se considerar, igualmente, que é
papel da educação capacitar as crianças e jovens para aprender a arte da boa
convivência, do exercício da auto-disciplina e da auto-motivação, da
determinação em busca do alcance dos objetivos traçados, de desenvolver fé no
seu potencial e pautar sua vida por
valores que o elevem como ser humano. E
essa é uma responsabilidade, por conseguinte, de todos os que estão direta ou
indiretamente envolvidos nesse processo de formação da personalidade, do
caráter, de modo especial, pais e educadores. Conforme afirma BRANDEN ( 1998, P. 250 ), “... as crianças que
acreditam mais em si mesmas e cujos professores projetam uma visão positiva de
seu potencial, vão melhor na escola que outras sem essas vantagens.”
Destaca-se, dentro do processo educativo,
o papel da avaliação como meio de promoção humana, como forma de se
diagnosticar avanços e limitações e de se vislumbrar caminhos alternativos que
apontem para a superação dessas limitações, considerando-se o desempenho dos
dois personagens principais desse processo: o aluno e o professor. Quando o
aluno não aprende, sejamos aqueles que se farão
esta pergunta: “ – que responsabilidade eu tenho nesse resultado? O que
poderei fazer para ajudar?” E não ficar só responsabilizando o aluno por suas
dificuldades de aprendizagens, ou o que é pior, responsabilizando outros
colegas de profissão por esse problema evidenciado. Se somos educadores, de
fato, vamos encontrar estratégias para fazer aflorar o potencial de nossos
alunos que está adormecido porque não foi devidamente orientado e desafiado a
desenvolver.
É de suma importância que se promova uma
proposta de avaliação que permita ao educador entender o processo de
aprendizagem dos alunos; identificar onde e por que encontram dificuldades no
processo, de forma que possa intervir, questionar, descobrir as razões de tais
dificuldades e ajudar no processo de reconstrução de conceitos e de
transformação das atitudes, contribuindo, de fato, para que a aprendizagem se
efetive e resulte em mudanças de comportamento e de desempenho. Para isso, é
indispensável o envolvimento, a participação e o comprometimento do aluno,
senão, os avanços não acontecerão, por mais que o educador esteja disposto a
ajudar, pois ninguém motiva ninguém. A motivação é um processo interno, de
querer, de dispor-se a viver esse
processo de evolução, de amadurecimento progressivo. Cabe, sim, ao educador,
despertar a consciência de cada aluno, estimular o seu desejo de aprender
através de experiências de aprendizagem significativas e colocar-se ao lado
para apoiar , assessorar nesse processo de descobertas, de conquistas, de
construção do conhecimento.
O papel imprescindível e intransferível do
educador, portanto, é o de ser alguém que se importa, que presta atenção ao
processo de desenvolvimento e de
aprendizagem de seus alunos, que age com empatia e por isso, está disposto a
intervir, de modo construtivo, cooperativo e solidário, para que seus alunos
possam evidenciar progressos no seu processo de aprender a aprender, aprender a
fazer, aprender a ser e a conviver, conforme dispõem os quatro pilares da
educação para o século XXI ( DELORS, 1996).
*
Marisa A .
Crivelaro da Silva é graduada em Letras, pós-graduada em Psicopedagogia e
Docência do Ensino Superior, Mestre em Educação, MBA em Gestão Educacional ,
MBA em
Comportamento Organizacional - Diretora do Colégio Marista
Sant´Ana de Uruguaiana/RS