quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Lições Para Toda a Vida
*Por Marisa Crivelaro da Silva

                         Quem pensa que cabe, unicamente, à família educar em valores, engana-se. A escola tem papel proeminente nessa missão. O currículo escolar está permeado por aprendizagens que vão muito além da busca pela qualidade acadêmica. Trata-se de educar para a humanização nas relações e para o exercício prático de valores que são determinantes para a realização pessoal e profissional.
                         No texto bíblico de provérbios 22:6, é possível compreender a importância de se ensinar valores e atitudes à criança, desde cedo, porque toda a sua vida será afetada pelas escolhas que fizer  e cada uma dessas escolhas será pautada pelos valores que cada um internalizou na educação que recebeu, na família e na escola.

                   Delors (1988) no relatório da comissão internacional de educação enviado à  UNESCO,  entitulado Educação: um tesouro a descobrir, trata de quatro pilares fundamentais sobre os quais deve sustentar-se a educação no século XXI.

O primeiro pilar é do “aprender a aprender”. Com as mudanças vertiginosas que estamos presenciando nessa sociedade da pós-modernidade, é preciso que a família e a escola  unam-se  para, além de  ensinar valores e atitudes, desafiar as crianças e jovens a serem pesquisadores, criativos, críticos e seletivos diante de tantas informações e conhecimentos disponíveis. Precisam aprender a escolher o que é essencial, o que vai agregar valor para sua vida, para seu futuro profissional e dedicar-se, de corpo e alma, a construir essas aprendizagens, sendo protagonista do seu processo de formação. Não dá para se conformar com o mínimo indispensável; é preciso buscar, sempre, o máximo possível para alcançar o sucesso que cada um merece.

O segundo pilar é “aprender a fazer”. É preciso saber transformar informações e conhecimentos em práticas efetivas. Como diz Morin, precisamos de cabeças “bem-feitas” e não de “cabeças bem cheias”. Saber aplicar os conhecimentos construídos é fator que diferencia os profissionais quando buscam colocação no mercado. De que adianta conhecer as regras de uma redação se não souber redigir um discurso, uma carta de apresentação, um requerimento?

O terceiro e quarto pilares se entrelaçam, interagem o tempo todo. É o “aprender a Ser” e “aprender a Conviver”. É na convivência com os outros que demonstramos o que e quem somos. Buscar aprender e praticar valores e atitudes que nos constroem melhores, que nos tornam mais éticos, humanos e resilientes diante das dificuldades da vida  é o que garante a nossa paz de espírito e nossa realização humana. É o nosso Ser em ação.

Aprender a conviver seja, talvez, uma das mais difíceis aprendizagens que precisamos construir no ambiente da família e da escola, porque exige compreensão, aceitação e transformação. Para crescer e se desenvolver é preciso mudar comportamentos, atitudes, em busca de ser uma pessoa e um profissional melhora a cada dia. Como diz a  poeta Cecília Meireles “ Eu aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira”.

O autoconhecimento por meio de uma avaliação crítica sobre nosso próprio modo de aprender, de fazer as coisas, de ser e de conviver e a capacidade de nos transformar, nos reinventar é que irá nos diferenciar na vida e na profissão. No cotidiano escolar, por meio da mediação de conflitos, das reflexões que são proporcionadas através de inúmeros  projetos e atividades de formação humana, ensinamos e aprendemos lições para toda a vida.


*Graduada em Letras, pós-graduada em Psicopedagogia e Docência do Ensino Superior, MBA em Gestão Educacional, MBA em Comportamento Organizacional, Mestre em Educação.

 

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