Lições Para Toda a
Vida
*Por Marisa Crivelaro da Silva
Quem pensa que cabe, unicamente,
à família educar em valores, engana-se. A escola tem papel proeminente nessa
missão. O currículo escolar está permeado por aprendizagens que vão muito além
da busca pela qualidade acadêmica. Trata-se de educar para a humanização nas
relações e para o exercício prático de valores que são determinantes para a
realização pessoal e profissional.
No
texto bíblico de provérbios 22:6, é possível compreender a importância de se
ensinar valores e atitudes à criança, desde cedo, porque toda a sua vida será
afetada pelas escolhas que fizer e cada
uma dessas escolhas será pautada pelos valores que cada um internalizou na
educação que recebeu, na família e na escola.
Delors (1988) no relatório da comissão internacional de educação enviado
à UNESCO, entitulado Educação: um
tesouro a descobrir, trata de quatro pilares fundamentais sobre
os quais deve sustentar-se a educação no século XXI.
O primeiro pilar é do “aprender a aprender”.
Com as mudanças vertiginosas que estamos presenciando nessa sociedade da
pós-modernidade, é preciso que a família e a escola unam-se para, além de ensinar valores e atitudes, desafiar as
crianças e jovens a serem pesquisadores, criativos, críticos e seletivos diante
de tantas informações e conhecimentos disponíveis. Precisam aprender a escolher
o que é essencial, o que vai agregar valor para sua vida, para seu futuro
profissional e dedicar-se, de corpo e alma, a construir essas aprendizagens,
sendo protagonista do seu processo de formação. Não dá para se conformar com o
mínimo indispensável; é preciso buscar, sempre, o máximo possível para alcançar
o sucesso que cada um merece.
O segundo pilar é “aprender a fazer”. É
preciso saber transformar informações e conhecimentos em práticas efetivas.
Como diz Morin, precisamos de cabeças “bem-feitas” e não de “cabeças bem
cheias”. Saber aplicar os conhecimentos construídos é fator que diferencia os
profissionais quando buscam colocação no mercado. De que adianta conhecer as
regras de uma redação se não souber redigir um discurso, uma carta de
apresentação, um requerimento?
O terceiro e quarto pilares se entrelaçam,
interagem o tempo todo. É o “aprender a Ser” e “aprender a Conviver”. É na
convivência com os outros que demonstramos o que e quem somos. Buscar aprender
e praticar valores e atitudes que nos constroem melhores, que nos tornam mais
éticos, humanos e resilientes diante das dificuldades da vida é o que garante a nossa paz de espírito e
nossa realização humana. É o nosso Ser em ação.
Aprender a conviver seja, talvez, uma das
mais difíceis aprendizagens que precisamos construir no ambiente da família e
da escola, porque exige compreensão, aceitação e transformação. Para crescer e
se desenvolver é preciso mudar comportamentos, atitudes, em busca de ser uma
pessoa e um profissional melhora a cada dia. Como diz a poeta Cecília Meireles “ Eu aprendi com as
primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira”.
O
autoconhecimento por meio de uma avaliação crítica sobre nosso próprio modo de
aprender, de fazer as coisas, de ser e de conviver e a capacidade de nos transformar,
nos reinventar é que irá nos diferenciar na vida e na profissão. No cotidiano
escolar, por meio da mediação de conflitos, das reflexões que são
proporcionadas através de inúmeros
projetos e atividades de formação humana, ensinamos e aprendemos lições
para toda a vida.
*Graduada em Letras,
pós-graduada em Psicopedagogia e Docência do Ensino Superior, MBA em Gestão
Educacional, MBA em Comportamento Organizacional, Mestre em Educação.
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