quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Educar é um compromisso ético e político


* Profª Marisa Crivelaro da Silva

Por que educar é um compromisso ético? Vejamos:  ética, no dicionário, tem este sentido: “ Parte da filosofia que estuda os deveres do homem para com Deus e a sociedade.” Portanto, na medida em que, como educadores, somos negligentes no processo de formação, de educação de nossas crianças e jovens, estamos falhando no compromisso ético, pois é nosso dever contribuir para  desenvolver a inteligência e a humanidade  desses seres humanos, em todo seu potencial
Educar é ter-se em consideração o sujeito como um todo: desenvolver a inteligência, educar as emoções, formar atitudes, ajudar a construir uma escala de valores que possam ser norteadores na vida; é criar condições e  realizar experiências relevantes que possibilitem avanços progressivos das estruturas mentais, dos níveis de complexidade do pensamento e das  atitudes  dos alunos frente à vida.
      Não se pode mais conceber uma educação com base na transmissão de conteúdos conceituais apenas, que privilegie a memória como único recurso de aprendizagem. Ela é importante, mas não o único meio. Os educadores devem ter seu trabalho centrado numa metodologia interativa, provocadora, mediadora, que motive o aluno a ser autor, produzir conhecimento, que desafie para o desenvolvimento de habilidades e competências cognitivas e afetivas, na mesma medida. De nada valerá um conhecimento construído, se não for útil, de alguma forma, para o aluno, se ele não souber aplicá-lo nas situações práticas do seu cotidiano e se não contribuir para ajudá-lo a desenvolver sua humanidade. Tem-se dado destaque aos conteúdos conceituais que têm grande valor sim, mas se não ensinarmos os conteúdos procedimentais que são as formas de transformar a teoria em prática, os conteúdos não terão sentido ,  nem utilidade e serão logo esquecidos porque não se encontrou sentido neles. E é da natureza do cérebro expulsar tudo aquilo que não nos serve, as coisas que não têm significado para nós são facilmente esquecidas..
      Há que se considerar, igualmente, que é papel da educação capacitar as crianças e jovens para aprender a arte da boa convivência, do exercício da auto-disciplina e da auto-motivação, da determinação em busca do alcance dos objetivos traçados, de desenvolver fé no seu potencial e  pautar sua vida por valores que  o elevem como ser humano. E essa é uma responsabilidade, por conseguinte, de todos os que estão direta ou indiretamente envolvidos nesse processo de formação da personalidade, do caráter, de modo especial, pais e educadores. Conforme afirma BRANDEN   ( 1998, P. 250 ), “... as crianças que acreditam mais em si mesmas e cujos professores projetam uma visão positiva de seu potencial, vão melhor na escola que outras sem essas vantagens.”
      Destaca-se, dentro do processo educativo, o papel da avaliação como meio de promoção humana, como forma de se diagnosticar avanços e limitações e de se vislumbrar caminhos alternativos que apontem para a superação dessas limitações, considerando-se o desempenho dos dois personagens principais desse processo: o aluno e o professor. Quando o aluno não aprende, sejamos aqueles que se farão  esta pergunta: “ – que responsabilidade eu tenho nesse resultado? O que poderei fazer para ajudar?” E não ficar só responsabilizando o aluno por suas dificuldades de aprendizagens, ou o que é pior, responsabilizando outros colegas de profissão por esse problema evidenciado. Se somos educadores, de fato, vamos encontrar estratégias para fazer aflorar o potencial de nossos alunos que está adormecido porque não foi devidamente orientado e desafiado a desenvolver.
      É de suma importância que se promova uma proposta de avaliação que permita ao educador entender o processo de aprendizagem dos alunos; identificar onde e por que encontram dificuldades no processo, de forma que possa intervir, questionar, descobrir as razões de tais dificuldades e ajudar no processo de reconstrução de conceitos e de transformação das atitudes, contribuindo, de fato, para que a aprendizagem se efetive e resulte em mudanças de comportamento e de desempenho. Para isso, é indispensável o envolvimento, a participação e o comprometimento do aluno, senão, os avanços não acontecerão, por mais que o educador esteja disposto a ajudar, pois ninguém motiva ninguém. A motivação é um processo interno, de querer, de dispor-se a  viver esse processo de evolução, de amadurecimento progressivo. Cabe, sim, ao educador, despertar a consciência de cada aluno, estimular o seu desejo de aprender através de experiências de aprendizagem significativas e colocar-se ao lado para apoiar , assessorar nesse processo de descobertas, de conquistas, de construção do conhecimento.
      O papel imprescindível e intransferível do educador, portanto, é o de ser alguém que se importa, que presta atenção ao processo de desenvolvimento  e de aprendizagem de seus alunos, que age com empatia e por isso, está disposto a intervir, de modo construtivo, cooperativo e solidário, para que seus alunos possam evidenciar progressos no seu processo de aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e a conviver, conforme dispõem os quatro pilares da educação para o século XXI ( DELORS, 1996).

* Marisa A . Crivelaro da Silva é graduada em Letras, pós-graduada em Psicopedagogia e Docência do Ensino Superior, Mestre em Educação, MBA em Gestão Educacional, MBA em Comportamento Organizacional - Diretora do Colégio Marista Sant´Ana de Uruguaiana/RS



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